terça-feira, 26 de agosto de 2014

Autismo Infantil


                  O vídeo a seguir baseia-se em relatos de uma mãe que superou e busca superar cada vez mais os limites pessoais e sociais de ter um filho autista.

 
Vídeo produzido por Marta Carolina e Franciele
                                              

               O autismo é marcado pela dificuldade de comunicação, de estabelecer interações sociais e por comportamentos monótonos e repetitivos. Até os anos 1980, autismo era considerado distúrbio adquirido por influência do ambiente. Alguns mais radicais chegavam a atribuir sua gênese aos suspeitos de sempre: os pais.
              Hoje, os especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%, sobrando para o ambiente apenas 10% da responsabilidade. Autismo é o distúrbio de neurodesenvolvimento em que a herança genética desempenha papel mais importante. Ainda assim, vale lembrar que não está ao alcance da biologia condicionar o destino final, porque o ambiente modifica a expressão dos genes, e deficiências do desenvolvimento podem ser contornadas ou corrigidas com o aprendizado.

Fonte: http://drauziovarella.com.br/crianca-2/os-autistas-e-as-sinapses/

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Dificuldade de aprendizagem pode ser algum transtorno do cérebro: Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade atrapalha as crianças. Ciasca,.S.M.(org.). distúrbio de aprendizagem : proposta de avaliação interdisciplinar . São Paulo casa do Psicólogo .

Fichamento


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade está presente em várias famílias na sociedade contemporânea. Mas em alguns momentos essa dificuldade de aprendizagem não é diagnosticada pode atrapalhar muito na formação escolar da criança podendo gerar um distúrbio de ansiedade e também a depressão.
Pois os alunos não conseguem manter o foco em sala de aula, sem conseguir ligar as concordâncias e som de letras. Porém este problema sério que tem grande interferência na personalidade da criança, pode ser tratado através de tratamento prologando sendo eficaz se for realizado de forma contínua com o auxílio de um profissional capacitado.
Com objetivo de controlar a impulsividade dos alunos no âmbito escolar, para que as crianças não fiquem tão inquietas para estudar. Tendo intuito de evitar maiores prejuízo ao desenvolvimento interpessoal da criança.


Para saber mais leia sobre : Transtorno de déficit De atenção e Hiperatividade (TDAH): http:// www.plenamente .com.br/diagnósticos 5.htm

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Medicalização do Comportamento Infantil

                Há poucas décadas, uma criança que não parava quieta em sala de aula era considerada levada ou até esperta. Hoje é comum que essa criança seja encaminhada a um neurologista para tratar de uma hiperatividade e pode ser que o tratamento indicado inclua um medicamento tarja preta modelador do comportamento. Provavelmente essa criança vai ficar mais calma, mas a que custo?


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=eRA9AyXvA_c

Fobias específicas e Fobia social

         
                                            Fonte: Google Imagens


             As fobias específicas são definidas pela presença de medo excessivo e persistente, relacionado a um determinado objeto ou situação. Exposta ao estímulo fóbico, a criança procura correr para perto de um dos pais ou de alguém que a faça sentir-se protegida. Pode apresentar crises de choro, desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo ataque de pânico. Os medo mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos intensos. Essas fobias diferenciam-se dos medos normais da infância por serem reações excessivas, não adaptativas e que fogem do controle da criança.
Na fobia social a criança apresenta um medo persistente e intenso de situações onde julga estar exposta à avaliação de outros , tendendo a sentir-se envergonhada ou humilhada. Essas crianças relatam desconforto em situações como :
 
Falar em sala de aula
Comer junto a outras crianças
Ir a festas
Escrever na frente de outros colegas
Usar banheiros públicos

 
Quando expostas a essas situações é comum apresentarem sintomas físicos como palpitações, tremores, calafrios, calores, sudorese e náusea.
O tratamento mais utilizado para essas fobias tem sido a psicoterapia cognitivo-comportamental.

Transtorno da Ansiedade de Separação

                             
                                                     Fonte: Google Imagens

Esse é o mais comum dos transtornos de ansiedade, acometendo 4% das crianças. Caracteriza-se por uma ansiedade não apropriada e excessiva em relação à separação do lar (pais) ou de figuras importantes cuidadoras para a criança, inadequada para a fase do desenvolvimento da criança. Essas crianças, quando ficam sozinhas, temem que algo possa acontecer para elas ou para seus cuidadores (acidentes, seqüestro, assaltos, ou doenças) que os afastem definitivamente de si. Demonstram um comportamento excessivo de apego aos seus cuidadores, não permitindo o afastamento desses ou telefonando repetidamente para eles afim de tranqüilizar-se sobre seus temores. É comum nessas crianças a ocorrência de recusa escolar. Se a criança sabe que seus pais vão se ausentar apresenta manifestações somáticas de ansiedade (dor abdominal, dor de cabeça, náusea, vômitos, palpitações, tonturas e sensação de desmaio). Em muitos casos de crianças afetadas os pais foram ou são portadores de algum transtorno de ansiedade.
A perturbação tem uma duração mínima de quatro semanas e causa sofrimento significativo no funcionamento da vida da criança.
O tratamento requer psicoterapia individual com orientação familiar e intervenções farmacológicas quando os sintomas são graves e incapacitantes. Quando há recusa escolar, o retorno às aulas deve ser o mais rápido possível para evitar cronicidade e evasão. É muito importante haver uma sintonia entre pais, escola e terapeuta.

Transtornos de Tique e Transtornos da Excreção


Transtornos de Tique: 





















A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um tique é uma produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente (repetido) e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos), sem propósito aparente e que tem um início súbito. Os tiques motores e vocais podem ser simples ou complexos. Os tiques simples em geral são os primeiros a aparecer. Podem ser:
 
Tiques motores simples: Piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer caretas.
Tiques vocais simples: Tossir, pigarrear, fungar.
Tiques motores complexos: Bater-se, saltar.
Tique vocal complexo: Coprolalia (uso de termos chulos), palilalia (repetição das próprias palavras), ecolalia (repetição de palavras alheias).

 
O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o isolamento social que comumente ocorre nesse transtorno.


Transtornos da Excreção:


Esse transtorno inclui a enurese e a encoprese . A enurese é caracterizada por eliminação de urina de dia e/ou a noite, a qual é anormal em relação à idade da criança e não decorrente de nenhuma patologia orgânica. A enurese pode estar presente desde o nascimento ou pode surgir seguindo-se a um período de controle vesical adquirido. A enurese não costuma ser diagnosticada antes da criança completar cinco anos de idade e requer, para ser caracterizada, uma freqüência de duas vezes por semana, por pelo menos três meses.

A encoprese é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou chão), involuntária ou intencional. Para se fazer o diagnóstico é preciso que esse sintoma ocorra pelo menos uma vez por mês, por no mínimo três meses em crianças com mais de quatro anos. Ambas patologias podem ocorrer pelo nascimento de um irmão, separação dos pais ou outro evento que possa traumatizar a criança. A encoprese deliberada pode significar grave comprometimento emocional. Ambas podem durar anos, mas acabam evoluindo para uma remissão espontânea. Esses transtornos comumente geram intenso sofrimento na criança, levando a uma estigmatização, com conseqüente baixa da auto-estima. Geram também isolamento social e perturbações no ambiente e nas relações familiares.
O tratamento abrange psicoterapia e utilização de medicamentos.

Transtornos do Comportamento Disruptivo

                                                              Fonte: Google Imagens
                                     


        Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento são os transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São caracterizados por um padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo, desafiador, indo contra as regras de convivência social. Tal comportamento deve ser suficientemente grave, sendo diferente de travessuras infantis ou rebeldia "normal" da adolescência. O Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que meninas. Tem como característica um comportamento opositor às normas, discute com adultos, perde o controle, fica aborrecido facilmente e aborrece aos outros.

No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que crianças e é mais comum também entre meninos, o padrão disfuncional de comportamento é mais grave que no Transtorno de oposição e desafio. Eles freqüentemente agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias violações de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse transtorno está freqüentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais como: instabilidade familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e sinais de severa perturbação dos pais.
A comorbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega a quase 50%. O tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve principalmente psicoterapia individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades corretivas. O tratamento das comorbidades é fundamental e pode necessitar de medicação (nos casos de TDAH) ou até internação (em quadros graves de dependência química).

Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da comunicação (linguagem)


                                 


                                        
                                                       Fonte: Google imagens
Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança, seu quociente de inteligência (QI ) e grau de escolaridade.
No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória. Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com freqüência ou inábil para abotoar suas roupas ou amarrar os cadarços do sapato.
Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por sintomas que incluem um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases condizentes com sua idade cronológica. Os problemas de linguagem também podem ser causados por perturbações na capacidade de articular sons ou palavras.
Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em uma mesma criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço escolar, tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas especiais, dependendo da gravidade do problema. A baixa auto-estima, a repetência escolar e o abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos. Assim, a abordagem psicopedagógica e o aconselhamento escolar são cruciais. Pode estar indicada também tanto a psicoterapia individual quanto a de grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com medicação está indicado apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que exijam o uso de remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar.

TDO - Eu nunca ouvi falar?




Todas as crianças passam por fases difíceis que muitas vezes poderiam ser descritas como "de oposição", especialmente quando se está cansado, com fome, estressado ou chateado. Quando eles estão assim podem discutir, conversar, desobedecer e desafiar os pais, professores e outros adultos. Há também momentos no desenvolvimento normal que o comportamento de oposição é esperado, como por exemplo entre dois a três anos de idade ou até mesmo na pré-adolescência. Entretanto, o comportamento hostil se torna uma preocupação quando é freqüente e consistente, que se destaca quando comparado com outras crianças da mesma idade e nível de desenvolvimento e quando ela afeta a família da criança, social e a escola.
Para melhor entender, nada melhor como uma boa definição:

O transtorno de oposição (TDO) é um transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. A criança ou adolescente discute excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade de aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que eles desejam (SERRA-PINHEIRO et al., 2004, p.273).

Em crianças com transtorno desafiador opositor (TODO), geralmente apresentam um padrão contínuo de comportamento não cooperativo, desafiante, desobediente e hostil incluindo resistência a figura de autoridade. O padrão de comportamento pode incluir:
Freqüentes acessos de raiva
Discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questionando as regras
Desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos
Deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas
Culpar os outros por seus erros e mau comportamento
Muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros
Freqüente raiva e ressentimento
Agressividade contra colegas
Dificuldade em manter amizades
Problemas acadêmicos


Embora não haja nenhuma causa claramente compreendida, acredita-se ser uma combinação de genética, ambiente, incluindo:



Disposição natural de uma criança
Limitações ou atraso no desenvolvimento da capacidade de uma criança no processo de pensamento e sentimento
Falta de fiscalização
Inconsistência ou disciplina severa
Abuso ou negligencia
Desequilíbrio de certas substancias químicas do cérebro, tais como a serotonina
Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações, mas são mais perceptíveis em casa ou na escola. Muitos pais relatam que seu filho com TOD estava mais rígido e exigente que os irmão da criança, desde tenra idade.


Este problema é bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e adolescente. Em crianças menores é mais comum em meninos, mas durante a adolescência ocorre com freqüência em ambos os sexos. O inicio é geralmente gradual e aumenta a gravidade dos problemas de comportamento ao longo do tempo.


A melhor maneira de tratar um criança com TODO inclui Psicoterapia infantil que abrange técnicas de manejo e modificação do comportamento, utilizando uma abordagem coerente da disciplina e seguir com reforço positivo de comportamentos adequados.


É muito difícil os pais lidarem com estas crianças e adolescentes, por isso é indicado Orientação de Pais para melhor entendê-los além de obterem apoio e compreensão e consequentemente receberem treinamento acerca de habilidades de manejo desta crianças.


O sucesso do tratamento requer empenho e acompanhamento em uma base regular de ambos pais e professores.

Por: Simone Barbosa Pasquini
Fonte: http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com.br/2010/10/tdo-eu-nunca-ouvi-falar.html

Depressão infantil: brincadeiras em branco e preto

                       
Diversão, amigos, sorrisos, boas notas, movimentos e cores. A infância pode ser retratada dessa forma para a maior parte das crianças. No entanto, para algumas delas essa fase da vida mais parece um filme monocromático. Ao contrário do que possa acreditar, nem sempre preocupações e tristezas infantis são passageiras. Sim, as crianças podem sentir depressão.


Com alta prevalência na população mundial, a depressão é hoje considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde. Segundo pesquisas nacionais [1], o índice de depressão chega a 2% em crianças e 5% em adolescentes. A versão mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV) define este transtorno como um problema psicológico complexo, caracterizado principalmente por estado de humor irritável e/ou deprimido (disforia) e diminuição do interesse ou prazer nas atividades diárias (anedonia).


Outras características são perda ou ganho significativo de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor; cansaço ou perda da energia habitual; sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva; diminuição da capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões e, finalmente, pensamentos de morte recorrente e/ou tentativas de suicídio. Para se considerar o diagnóstico de depressão maior, pelo menos um dos sintomas principais e quatro dos secundários devem estar presentes durante o tempo mínimo de duas semanas.


Mesmo diante da similaridade dos sintomas em crianças, adolescentes e adultos, pesquisadores buscaram adequar as diretrizes diagnósticas para a realidade infantil [2], acrescentando comportamento agressivo, mudanças no rendimento escolar, redução da socialização, recusa de ir à escola ou de participar de atividades acadêmicas, além de queixas somáticas, sem constatação clínica.


Nos períodos iniciais da vida, os sintomas depressivos variam conforme a faixa etária. Em crianças até a idade de seis anos, os indícios se exteriorizam principalmente na forma de queixas somáticas repetitivas. Usualmente, dores no abdômen e na cabeça, queixas de fadiga e tontura são as mais relatadas. Também são comuns manifestações de ansiedade associadas à depressão (como fobias e ansiedade de separação), hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite e alterações do sono. A observação de persistência dos sintomas nos momentos escolares e nas brincadeiras é algo que pode ajudar no diagnóstico, visto que são atividades comumente prazerosas nessa faixa etária.


Em crianças escolares, entre sete e doze anos, já se observa a verbalização de humor deprimido, acompanhada de irritabilidade, cansaço, semblante triste e apático, além de apresentarem inabilidades no brincar. Choro frequente, tendência ao isolamento, recusa escolar, além de ansiedade e queixas somáticas também são frequentes. Há também as repercussões dos sintomas na escola: o desempenho escolar declina, a criança tem dificuldades em fazer amizades e comumente relata aos pais que os colegas não gostam dela, ficando isolada nas atividades grupais.


Esclarecidos os sintomas, fica então a dúvida dos pais e educadores: quais as causas da depressão infantil?


Para a Análise do Comportamento, abordagem psicológica calcada no Behaviorismo Radical, o comportamento é aprendido e mantido pelas situações atuais e históricas do indivíduo. Dessa forma, um comportamento específico recebe influência direta de variáveis que estão e que estiveram presentes em sua vida, e ainda da cultura, da sociedade e da família em que se encontra. Esta abordagem também considera os fatores genéticos no aumento da suscetibilidade de um indivíduo a certos problemas comportamentais, embora enfatize que o ambiente do sujeito tem um papel básico no desenvolvimento e na manutenção de comportamentos que levam a tais problemas.


A Análise do Comportamento compreende a depressão como sendo resultante de exposição a uma série de situações aversivas, incontroláveis e sem possibilidade de fuga. Além disso, destaca outros fatores que contribuem para a baixa taxa de comportamentos, fato característico da depressão: a diminuição da capacidade do sujeito em desfrutar vivências positivas (ou um aumento na sua sensibilidade diante de acontecimentos negativos); déficits nas habilidades de resolução de problemas (que impedem o acesso a outras atividades reforçadoras ou prazerosas, ou diminuem a capacidade de o sujeito enfrentar com êxito experiências aversivas) e falta ou perda de fontes potenciais de prazer no ambiente.


Quanto à etiologia da doença, a perspectiva em vigor estabelece a interação entre o sujeito (e sua carga genética) e a história de vida. Há o risco de que a hereditariedade e exposição a ambientes de risco favoreça o aparecimento da depressão, não apenas pela questão genética, mas pelos comportamentos aprendidos pelo modelo parental. É fato que também se observa alterações neuroendócrinas em pessoas depressivas, como deficiência na norepinefrina e serotonina. No entanto, ainda não há consenso se as disfunções metabólicas causam a depressão, ou se elas, por sua vez, são o resultado do transtorno [3].


Análise dos históricos vitais de crianças com depressão tem mostrado algumas situações que favorecem o surgimento dos seus sintomas. Algumas delas são: histórico de perdas, como a morte de um ente querido; exposição a ambientes físicos e sociais muito aversivos; pais com transtornos psicológicos (como esquizofrenia, drogadição, alcoolismo); submissão a educação parental autoritária, com excesso de práticas punitivas (predominância de comunicação negativa, abuso físico e/ou emocional) ou mesmo negligência; fracasso escolar inesperado; mudanças súbitas de rotina e desastres naturais. Tais circunstâncias tornam mais prováveis os comportamentos classificados como depressivos (baixa frequência do sorrir, higienizar-se, socializar-se e alta frequência de comportamentos como zangar-se, chorar, queixar-se).


Por sua vez, tais comportamentos causam consequências muito negativas, a curto e longo prazo. As crianças apresentam déficits sociocognitivos que se agravam com o tempo, como queda no desempenho acadêmico, impopularidade entre os amigos e diminuição da participação nas atividades escolares. A depressão infantil também aumenta o risco de depressões graves na adolescência ou mesmo na fase adulta, incluindo a probabilidade de abuso de drogas, de ideação suicida ou mesmo consumação do fato, que por sua vez são raros na infância.


Ademais, existem variáveis individuais que alteram a probabilidade do surgimento de sintomas depressivos. Uma pessoa habilidosa na resolução de problemas diários, que encara adversidades e que se adapta com facilidade diante de mudanças e perdas, apresenta fatores de proteção quanto à depressão. Do contrário, aquele que não desenvolveu repertório habilidoso no enfrentamento de situações aversivas acaba apresentando mais dificuldades de adaptação diante de adversidades. Daí a importância de os pais educarem seus filhos enfatizando a autonomia, pois ao valorizarem a dependência desenvolvem neles repertórios inadequados na resolução de problemas, favorecendo baixa tolerância emocional ao erro e exposição deles a situações aversivas contínuas diante de insucessos.


Mais uma vez constata-se que as relações pais-filhos ocupam um lugar central na aprendizagem de comportamentos por parte das crianças. Intencionalmente ou não, os genitores manipulam condições de aprendizagem que determinarão boa parte dos comportamentos dos filhos, sejam eles simples ou complexos, nos mais variados âmbitos (afetivo e social, por exemplo). Vejamos, então, medidas preventivas no que tange à depressão infantil.


1.O reconhecimento dos esforços dos seus filhos, sejam eles quais forem, são medidas simples que trazem prazer e que repercutem positivamente na autoestima das crianças. A baixa taxa de respostas característica da depressão é resultante do falta de consequências reforçadoras diante dos comportamentos adequados da criança. Portanto, elogie, reconheça, ofereça afeto incondicional e comunique-se de forma positiva com seus filhos;


2.Exercite o autocontrole (sobretudo se você cresceu diante de modelo parental abusador de práticas de punição corporal e emocional), se for preciso, busque terapia para si mesmo para medidas mais efetivas. Caso padeça de alguma doença física, cuide-se para melhor responder às necessidades da criança: lembre-se que ela está sensível aos seus comportamentos e que ela pode se preocupar com seu estado de saúde, provocando ansiedade diante de possibilidades de perda (ou mesmo reproduzindo seus comportamentos);


3.Esteja atento a como a criança interage socialmente, participe e se envolva com sua rotina escolar. Diante de uma queda no desempenho acadêmico e nas atividades de classe, contate o professor para maiores informações e melhores intervenções. Cuidado com as exigências escolares neste momento: ao invés disso, busque ouvir criança, certamente ela tem algo a dizer;


4.Não subestime as verbalizações de tristeza e de preocupações das crianças. Isso não acontece apenas com adultos! Apesar de serem bem peculiares e algumas vezes fantasiosas, não devem ser vistas como bobagens. A criança ainda está refinando seu repertório comportamental e, diante de situações adversas, são necessárias habilidades que ainda não foram adquiridas;


5.Cuidado com o excesso de atividades na rotina infantil. Quando muito atribulada, a criança pode desenvolver um quadro de estresse que pode se agravar e apresentar sintomas psicossomáticos. Dentre elas está a depressão e transtornos de ansiedade;



6.Procure ajuda profissional se constatar qualquer mudança significativa no comportamento infantil. Quanto antes for diagnosticado, mais favorável é o curso da doença.
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[1] Dados de 2012, através da pesquisa de Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


[2] Os Critérios Weinberg (1973) são os mais comuns. Por se tratar de crianças e adolescentes, que passam uma parte significativa dos seus dias na escola, o pesquisador considerou pertinente a contextualização dos sintomas também no ambiente escolar. Este fato permite inclusive que a escola aprenda a identificar os primeiros indícios de depressão em seus alunos.


[3] Staats, A.W. (1996). Behavior and Personality: Psychological Behaviorism. New York: Springer Publishing Company, Inc.




Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC e Psicóloga do Centro Integrado de Educação Especial – CIES e da Clínica Lecy Portela, em Teresina-PI. Tem experiências acadêmicas (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas” do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR) e profissionais na área clínica (atendimento a criança, adolescente e adulto), jurídica e educação especial, na orientação de pais.
Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada - InPA
http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com.br/2012/06/depressao-infantil-brincadeiras-em.html

TOCando os medos: conhecendo o Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Ansiedade, rituais, pensamentos obsessivos, verificações, contagem e comportamentos supersticiosos. Esta é a rotina de pessoas que apresentam o transtorno obsessivo- compulsivo (TOC). Estas características acarretam enormes prejuízos à qualidade de vida e ao funcionamento social do indivíduo. Embora acometa pessoas de todas as idades, os melhores prognósticos envolvem os tratamentos precoces, especialmente na infância. Sim, crianças também apresentam o transtorno: a idade média de início é de 9,6 anos para os meninos e de 11 anos para as meninas (Koran, 1999) [1]. Pais bem informados podem detectar precocemente o transtorno, e este texto busca contribuir para isso.
 
Como o próprio nome indica, o TOC define-se essencialmente pela presença de pensamentos persistentes, impulsos ou imagens que são intrusivos e sem sentido e também por comportamentos repetitivos, premeditados e intencionais que são desempenhadas em resposta a uma obsessão. Esta, por sua vez, destina-se a evitar desconforto ou algum evento ou situação temidos. Observa-se, portanto, que as obsessões são eventos cognitivos (comportamentos privados) e as compulsões são comportamentos públicos. A denominação privado e público se deve pelo fato de que, no primeiro caso, só o sujeito tem acesso – a menos que os explicite através da fala (comportamento verbal) – e, no segundo caso, pelo fato de serem observáveis pelos outros.
 
Diante dos pensamentos obsessivos, o sujeito se vê em uma situação em que precisa fazer algo para cessá-los. Portanto, ao se comportar compulsivamente, obtém alívio decorrente do contato com o estímulo (físico ou privado). As obsessões e as compulsões podem estar conectadas ou mesmo ocorrer independentemente uma da outra. Outra característica é a de que os indivíduos adultos, pelo menos inicialmente, reconhecem a ausência de sentido das suas obsessões e compulsões. Esse mesmo motivo os impedem, muitas vezes, de expor para as outras pessoas, pois temem que os outros menosprezem o sofrimento ou mesmo chacoteiem os comportamentos. Cabe destacar que esta é uma característica de adultos com TOC. As crianças, em geral, não reconhecem a irracionalidade de seus comportamentos.
 
Os cientistas tem conseguido elucidar vários fatores que contribuem para o surgimento do TOC. O que se sabe, até então, é que aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais (como febre reumática), além das questões psicológicas, como aprendizagem de regras distorcidas e ambiente coercitivo estão dentre as variáveis que aumentam a propensão do desenvolvimento do TOC [2]. Ou seja, há o componente neurológico, mas também as variáveis psicológicas e culturais, que, somadas, resultam em hiperatividade de certas zonas cerebrais nos indivíduos acometidos pelo transtorno. Tais alterações, no entanto, podem ser revertidas com terapia medicamentosa e psicoterápica.
 
Adentrando no âmbito da aprendizagem, ilustremos exemplos de variáveis ambientais presentes na infância que podem desencadear o TOC, considerando a obsessão mais comum [3], que é a preocupação excessiva com limpeza, seguida de lavagens repetidas.
 
Na primeira experiência com a paternidade/ maternidade, é comum que os pais se vejam excessivamente preocupados com a saúde do bebê, mais especificamente quanto à possibilidade de doenças. Um contexto favorecedor para isso é a própria fragilidade do organismo da criança, pois seu sistema de defesa ainda está sendo aperfeiçoado. Daí, então, a necessidade de uma rotina que envolva cuidados específicos para evitar contaminações e, consequentemente, doenças. Se a higienização adequada (ou mesmo caprichada) for algo muito valorizado na família, nada mais natural que os filhos também aprendam a valorizá-la bastante, também.
 
Uma criança pode adquirir o comportamento de lavar as mãos sistematicamente por alguns mecanismos de aprendizagem. Ela aprenderá por imitação caso alguma pessoa significativa (modelo) emita esse comportamento e, ao imitá-la, ela receba reconhecimento social (atenção, afago, elogio, etc).
 
Caso os pais se preocupem excessivamente com contaminações, exigindo de seus filhos a higienização caprichada e frequente das mãos, emitindo regras do tipo “se não lavar as mãos após pegar em algo, vai aparecer um monte de germes que vão te deixar doente”, reconhecendo e valorizando quando a criança seguir a regra conforme especificaram, ela aprenderá a higienizar as mãos de forma frequente e caprichada.
 
Se, por exemplo, o infante for criticado ou castigado por não lavar as mãos (“Você não pode comer se não lavar essas mãos imundas antes”), ao higienizá-las ele estará se comportando mediante esquema de fuga-esquiva, uma vez que buscará agir assim para evitar as consequências aversivas descritas pelo adulto.
 
Outra possibilidade é quando são emitidas verbalizações que distorcem a realidade a respeito de sujeira, mediante a experiência individual do falante. Por exemplo, “as mãos são a porta e a janela de entrada para infecções” ou “germes estão por toda a parte”, “basta a pessoa tocar em objetos sujos para ficar doente”. Dessa forma, cria-se uma regra que é distorcida pelo fato de maximizar os riscos. Assim, ao lavar as mãos, pode-se sentir o alívio por não ficar doente ou não se sentir contaminado.
 
Dessa forma, serão esses contextos que farão parte do desenvolvimento comportamental. A criança pode adquirir não apenas o comportamento de lavar as mãos, mas também pensamentos e/ou imagens a respeito disso, além de sentimentos associados ao comportamento em questão (alívio e prazer, por exemplo). Por estas sensações e também por verificar que assim agrada aos adultos, ela até pode dizer que gosta de lavar as mãos, ou que se sente bem com as mãos sempre limpas. Quanto mais estes comportamentos forem estimados por adultos significativos, mais eles serão mantidos no repertório comportamental da criança.
 
Cabe destacar que, para o paradigma da Análise do Comportamento, o fazer (no caso, “lavar as mãos”) ou pensar (como “sujeira causa doenças”) são comportamentos produzidos pelos mesmos contextos, ou seja, não existe hierarquia de relevância entre eles, tampouco uma linha causal em que um determina o outro.
 
Ao deparar-se com estas linhas, talvez o leitor se identifique ou se questione se tem ou não TOC. Talvez até já se autodiagnostique como portador do transtorno! No entanto, cabem aqui algumas considerações.
 
Os medos e as preocupações são inerentes ao nosso cotidiano e o modo como aprendemos a conviver com eles é através de certos hábitos cuidadosos. Ou seja, ao cozinhar, temos o cuidado de desligar o fogo; lavamos as mãos antes de comer ou de pegar em animais domésticos e verificamos o saldo da conta bancária periodicamente para planejar investimentos (ou para evitar constrangimentos diante de uma compra). No entanto, quando tais comportamentos são frequentes, excessivos ou supersticiosos, acontecerão prejuízos ao funcionamento social e desorganização da rotina pelo fato de eles consumirem tempo.
 
No caso, a pessoa não só verificará uma vez se o gás está desligado, mas várias (e várias!) vezes. Não apenas trancará a porta, mas a abrirá e fechará inúmeras vezes até se sentir menos ansiosa para sair. Poderá criar regras em que precisará repetir palavras mentalmente ou evitar digitar/ escrever uma palavra ou letra, pois caso contrário alguma tragédia acontecerá. Estes exemplos, claramente, se configuram como problemáticos. Associações do tipo “se não fizer isso, acontecerá o pior” certamente atormentam o sujeito. Algumas delas serão ilógicas, mas perfeitamente cabíveis ao sujeito, por proporcionarem alívio da ansiedade decorrente da esquiva das consequências aversivas. Assim, o que configura o TOC é não somente a presença de obsessões e compulsões, mas uma série de critérios diagnosticáveis apenas por especialistas, além dos prejuízos que devem ser percebidos pelo próprio sujeito ou por seus familiares.
 
Detectado o transtorno pelo psiquiatra ou psicólogo, o indivíduo pode ser tratado através de algumas modalidades terapêuticas. Os tratamentos mais efetivos no momento incluem o uso de medicamentos específicos, receitados pelo psiquiatra, além de psicoterapias. Nesse âmbito, é reconhecida a eficácia das terapias comportamentais (a saber, terapia analítico-comportamental e cognitivo-comportamental). Alguns de seus objetivos, apontados por Copque e Guilhardi (2009) são:
 
  • Confrontar as auto-regras distorcidas em torno das obsessões e compulsões, eliminando-as ou as substituindo;
  • Orientar e motivar a família a reorganizar as situações que até então vem mantendo os comportamentos indesejados;
  • Impedir o comportamento de fuga-esquiva supersticioso (por exemplo, fazer o paciente sujar as mãos, mas impedir que ele as lave). Esse método, como pode-se verificar, tem o propósito de fazê-lo perceber que não há a moléstia, mesmo não tendo se descontaminado. No início deste procedimento há um aumento da ansiedade, mas com a persistência do contato, tenderá a decair com a constatação de que a contaminação não ocorreu. Dessa forma, a pessoa pode se habituar com o estímulo aversivo e diminuir a frequência das compulsões;
  • Favorecer o contato com os estímulos que causam a contaminação para quebrar a regra que sustenta a obsessão.
Por envolver ciclos entre pensar e fazer, que se repetem até que haja alívio da ansiedade, caso haja cronicidade de tais padrões comportamentais é possível que haja dificuldades na reversão do quadro. O paciente, acostumado com a zona de conforto, dificilmente se sentirá motivado a mudar os “padrões disfuncionais”, pois o contato com os estímulos ansiogênicos é ameaçador. Dessa forma, quanto antes ocorrer a busca pelos tratamentos, melhor é o prognóstico. Daí a necessidade de se estar bem informado e atento ao comportamento infanto-juvenil para que maiores agravos posteriores sejam evitados.
 

[1] Koran, L.M. (1999). Obsessive-compulsive and related disorders in adults. A comprehensive clinical guide. Cambridge.
[2] Cordioli, A. V. (2004). Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo. Porto Alegre: Artmed.
[3] Outros exemplos são as dúvidas (se fechou a porta de casa, se tem dinheiro na carteira, se desligou o gás da cozinha, entre outros), seguidas de verificações compulsivas.
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Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC e Psicóloga do Centro Integrado de Educação Especial – CIES e da Clínica Lecy Portela, em Teresina-PI. Tem experiências acadêmicas (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas” do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR) e profissionais na área clínica (atendimento a criança, adolescente e adulto), jurídica e educação especial, na orientação de pais.
Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada - InPA
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